13 janeiro 2014

Fora de Série: Sherlock (S3)


Nos dias que correm, é mais do que clara a saturação do mercado do entretenimento e, por conseguinte, torna-se imperativo encontrar mecanismos de afirmação, destaque e excelência.
Sherlock, nas duas temporadas prévias, tinha revelado possuir, exatamente, esta capacidade, quer pela sagacidade da própria história quer pela magnífica fotografia que nunca falha na tarefa de me impressionar.
Cada ângulo dos primeiros seis episódios tinha eu considerado, simplesmente, genial. Um toque tão moderno e, simultaneamente, encharcado da atmosfera de Doyle. Um regresso à era da contemplação! Finalmente, a imagem como obra digna de uma abordagem mais reflexiva, mais enigmática.
Porém, toda esta fantasia diluiu-se no primeiro episódio da temporada que agora termina: um enredo comercial e previsível. Pela primeira vez, uma hora satisfatória e, mediocremente, cativante.
Por fim, o desenlaçar das teorias da sobrevivência do detetive e, mesmo assim, bem menos interessante que um mero caso à volta do qual se constrói um jogo delicioso. As expetativas para o segundo episódio eram, consequentemente, altas. Queria ver se se tinha perdido a magia da perseguição e, além de tudo, das conexões subtis auxiladas pelos momentos dramáticos.
Seguiu-se uma segunda hora que vi, repetidamente. Não pelo regresso à qualidade que apreciara, mas pela exposição de um lado curioso: uma mescla de inadequação, ciúme e profundo racionalismo.
Passo depois de passo, era inevitável um clímax ansioso que estremece todos os fundamentos do mundo cada vez mais parado de Baker Street.
O último episódio é, realmente, extraordinário. Oitenta minutos de pura confusão, de enigmas e de dúvidas que me mantinham na beira do sofá... Um volta completa num percurso já de si inovador. 
Se está à procura de algo peculiar e, por vezes, bizarramente, atrativo, não perca esta série!
São três episódios por temporada, num conjunto de 3 pequenos agrupamentos preciosos. A sua extensão reflete, de facto, o privilégio (raro) que é assistir a esta adaptação...
A não perder!

Inspirado na vida,
IP

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